Glenn Hughes, em tempos baixista e vocalista dos Deep Purple, na sua biografia conta como conheceu David Bowie, e se tornou companheiro inseparável do “camaleão” em longas jornadas de consumo de droga. “Ele não gosta de falar nesse período, mas devia. Posso dizer que éramos ‘cocaine buddies’. Muitas vezes, ele estava noutro planeta”, revela o músico dos Purple, perto de celebrar 60 anos e por estes dias líder dos Black Country Communion.
Glenn Hughes completa 60 anos no próximo dia 21 de Agosto. Tem atrás de si uma história de excessos desmesurados que compilou para a autobiografia “Deep Purple And Beyond: Scenes From The Life Of A Rock Star”. Um livro que escreveu a meias com Joel McIver, jornalista nascido no início da década de 70 e especialista em biografias de bandas de metal. E é nesse livro que são contadas na primeira pessoa algumas das noites loucas vividas com David Bowie na década de 70. Noites de que o próprio “camaleão”, como ficou conhecido Bowie, se recusa a falar e reviver.
Gleen Hughes lança autobiografia polémica
“Eu devia estar morto, mas não estou”, conta Hughes, em entrevista à edição de Julho da revista Word, na qual fala do dia em que conheceu David Bowie. “Estávamos numa suite do Beverly Wiltshre e estava a dar na televisão um concerto que os Purple tinham dado na California uns meses antes. Na suite ao lado estava o David Bowie, mas eu não sou um intrometido e não queria importuna-lo. Mas o Ronnie Wood [dos Rolling Stones] disse que ele queria conhecer-me e eu pensei: ‘ok’. Fomos lá, mas ele correu-nos todos do quarto a pontapé e afinou comigo”, lembrou o baixista.
Glen aproximou-se de David após esse episódio. “Ele disse-me para cortar o cabelo e passar a calçar-me melhor. Passei a ser o projecto dele e tornamos-nos os melhores amigos”, sublinhou. Bowie “não voava” e por isso costumava apanhar “o comboio de Nova Iorque para Los Angeles”. “O meu assistente ia busca-lo à ‘Grand Central’ e trazia-o para a minha casa. Ninguém sabia onde estava e ele gostava disso”, recordou.
Chegavam a ficar juntos em LA “durante três meses” como sucedeu quando Bowie se preparou para a primeira grande participação num filme, o de “The man who fell to earth” (1976), e ao mesmo trabalhava no álbum “Station to station” (1976). “A [assistente pessoal] Corrine ‘Coco’ Schwab estava connosco e a [então mulher] Angie vagueava por ali. A maior parte do tempo David estava noutro planeta”, começou por contar Glenn Hughes, reportando-se à fase que Bowie preferiria que se mantivesse debaixo de uma pedra. “Ele não gosta de falar nesse período, mas devia. Faria-lhe bem. Posso dizer que éramos ‘cocaine buddies’”, descreveu, abrindo a polémica.
“Ele confiava em mim. Éramos companheiros. Se ainda somos? Não. Isso chateia-me? Não”, assumiu o antigo membro dos Deep Purple, revelando depois uma das façanhas que os dois conseguiam nesses idos anos 70: “Quando temos vinte e poucos anos podemos estar uma semana sem dormir. Eu e o Bowie fazíamos isso com regularidade. Pensávamos que toda a gente ‘dava’ no pó. Os médicos faziam-no, os advogados também e até presidentes das companhias de cinema nas próprias secretárias. Era normal”, concretizou Hughes.
Em silêncio, até ver, continua David Bowie que faz amanhã 65 anos, a idade da reforma (em Portugal, pelo menos) mês de Janeiro. O músico desapareceu de cena e já se especula que esteja doente. Qualquer coisa relacionada com a operação ao coração a que teve de se submeter há 7 anos. A última aparição em palco terá sido em 2009, como convidado especial num concerto de solidariedade.
O último concerto em Portugal aconteceu em 1996, na última noite da segunda edição do festival Super Rock, em Lisboa. O site oficial está “online” e promete uma surpresa para este ano com a apresentação de uma nova página do músico. Mas palavras do próprio Bowie nem vê-las.
Duncan Jones, a.k.a. Zowie Bowie
A notícia mais recente onde David Bowie referido é uma entrevista do filho, Duncan Jones, que acaba de celebrar 40 anos (nasceu a 30 de Maio de 1971). No último domingo, dia do Pai nos Estados Unidos, o agora realizador de cinema, aquele que ficou conhecido como o bebé mais fotografado dos anos 70 e que era apelidado como Zowie Bowie, falou genericamente do pai ao Entertainment Enquirer. Duncan reportou-se apenas à forte influência que David Bowie ou, melhor, David Jones, o nome verdadeiro do pai dele, teve sobre a sua escolha de percurso artístico. E mais não há.
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