18/11/2011

PRIMEIRA EDIÇÃO DO FESTIVAL SEMIBREVE EM BRAGA, 2011

A primeira edição do Festival SEMIBREVE decorreu em Braga, de 10 a 13 de Novembro de 2011, integrada no programa da Capital Europeia da Juventude 2012.O Festival é um evento focado no universo da arte digital e da música electrónica.

Braga não é propriamente conhecida por ser uma cidade cosmopolita ou de vanguardas culturais. Mas, durante o último fim-de-semana, a primeira edição do festival Semibreve ( Theatro Circo, ex-libris da cidade, foi o coração do evento) conseguiu juntar alguns dos intérpretes mais relevantes da música electrónica de vanguarda, como Jon Hopkins e Alva Noto, que produziram dois grandes espectáculos.

A cidade minhota foi, ao longo de três dias, a capital mundial desta expressão artística de vanguarda, conseguindo mesmo uma parceria com The Wire, possivelmente a mais influente publicação de música alternativa do mundo. A presença da imprensa internacional (foram acreditados 12 jornalistas) e de público estrangeiro mexeu com Braga.

Nota de destaque foi o facto de a programação ter conseguido mostrar como som e imagem se podem relacionar de diferentes formas, com sucesso, acrescentando um carácter mais narrativo a uma expressão musical potencialmente fria na relação com o público (observar os músicos a operar os seus MacBooks e a fazer girar botões não é uma imagem muito estimulante). "Sem a parte visual, o concerto poder-se-ia realizar, mas é óptimo que as duas coisas funcionem entre si, com ritmos semelhantes", comentou Hans-Joachim Roedelius, um pioneiro da música electrónica e experimental, hoje com 77 anos, ao P2. Simbolicamente, o berlinense deu o primeiro concerto do festival, na noite de sexta-feira, liderando o projecto Qluster, em que é acompanhado por Onnen Bock.

No pequeno auditório, juntaram-se Taylor Deupree e Stephan Mathieu, que estrearam em concerto Transcriptions. Foi o espectáculo mais difícil do festival e porventura o que terá registado mais desistências na plateia: enquanto um dos elementos operava a maquinaria, outro manipulava uma cítara com recurso a um ebow (um dispositivo que permite simular o efeito de um arco sobre as cordas). A electrónica fria e hipnotizante não "aqueceu" o público, que se deixou contagiar pela prestação do colaborador de Brian Eno desde 2004 - Jon Hopkins.

No sábado à noite, Fennesz com um espectáculo composto por drones e acordes de guitarra cheios de reverberação, debaixo de uma tempestade de interferências, conseguindo transmitir agressividade mas também nostalgia. No pequeno auditório, actuaram os portuenses Blac Koyote.

O melhor concerto do festival encerrou a noite de sábado (no domingo à tarde ainda actuaram Vítor Joaquim e Murcof): Carsten Nicolai, mais conhecido por Alva Noto, produziu um espectáculo musical e visual fortíssimo. Sempre na penumbra, o alemão amalgamou drones e micro-ritmos e nas suas costas, a projecção de vários efeitos de vídeo. O volume de som aumentou progressivamente, terminando muito acima do recomendável em termos de saúde.

Esta foi a primeira edição taxada ao actual IVA. Agora com o IVA a 23% mais as condicionantes DA CRISE será que há nova edição para 2012?.

Luís Fernandes, músico dos peixe : avião foi um dos organizadores, ao lado de Miguel Pedro e António Rafael, dos Mão Morta.

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