Será que os bons morrem cedo!!!.
Morreu uma das figuras maiores da música popular das últimas décadas. O americano Gil Scott-Heron, de 62 anos,era uma figura politizada, cantor, compositor, poeta, humanista, e activista, morreu ontem em Nova Iorque. A causa da morte do artista ainda não é conhecida.
A notícia foi divulgada primeiramente no Twitter por Jamie Byng (@baddabyng), da editora independente de livros Canongate Books, responsável pelo lançamento do ainda inédito The Last Holiday, último livro do artista.
Gil Scott-Heron é considerado um dos precursores do hip-hop. A sua obra mais conhecida, "The Revolution Will Not Be Televised", considerada um clássico primário do rap-publicou uma crítica feroz do papel da raça, da mass media, e da publicidade.
Nascido em 1º de Abril de 1949, Gil Scott-Heron também era conhecido pelo teor político das suas letras e um símbolo da luta pelos direitos dos negros na década de 60.
Figura nuclear da música negra do final dos anos 60 e 70, com uma mistura de soul, funk, jazz, blues e poesia falada, acabou por transformar-se também num dos pioneiros do hip-hop nos anos 80, sendo citado por vários grupos como a principal inspiração.
O ano passado lançou o álbum “I’m New Here“, uma obra imensa, um dos melhores álbuns de 2010. Era um disco que marcava o seu regresso depois de um longo interregno de dezasseis anos sem nenhum disco novo de originais. Já este ano essa obra viria a ser recriada por Jamie xx em “We’re New Here“.
O primeiro disco veio em 1970, “Small Talk at 125th and Lenox“, e continha o seu tema mais famoso: “The revolution will not be televised”. Seguir-se-iam mais de doze álbuns, inicialmente em colaboração com o músico pianista de jazz / funk e flautista Brian Jackson.
Os seus discos influenciaram várias gerações da música negra – dos Public Enemy a Kanye West – mas não só. Ao longo dos anos foi sendo apelidado de “Bob Dylan negro” ou “Padrinho do Rap”, mas sempre recusou essas denominações, desaprovou o título, preferindo descrever o que fez como "Bluesology" - uma fusão de poesia, soul, blues e jazz, tudo atravessado por uma consciência social, mensagens políticas fortes, abordando questões como o apartheid e armas nucleares.
Ele actuou nos concertos No Nukes, realizado em 1979 no Madison Square Garden. Os shows foram organizados por um grupo chamado Músicos Unidos sobre a Segurança Energética e protestou contra o uso da energia nuclear na sequência da derrocada de Three Mile Island. O grupo incluía cantores e compositores como Jackson Browne, Graham Nash e Bonnie Raitt.
Foi um inconformado e inquietante um viciado em drogas não negou o seu vício em drogas e o comportamento criminoso. Entrou numa nova reabilitação em Nova York, mas não conseguiu completar o programa, e a violação do acordo judicial que o manteve fora da prisão. Infelizmente, a sua desonestidade condena-o a 2-4 anos de prisão. No ano 2000, chegou a ser preso por posse de substâncias ilícitas, mas o seu regresso o ano passado parecia ter rasurado esse período, de tal forma surgia bem consigo próprio e com o mundo exterior.
Scott-Heron era HIV positivo e lutou contra o vício das drogas durante a maior parte de sua carreira. Numa entrevista em 2009, disse que sua prisão tinha forçado a confrontar a realidade da sua situação."When you wake up every day and you're in the joint, not only do you have a problem but you have a problem with admitting you have a problem."
No entanto, apesar de alguns "momentos infelizes" no últimos anos, ainda sentia a necessidade de desafiar os abusos dos direitos e "as coisas que você paga com os seus impostos".
"If the right of free speech is truly what it's supposed to be, then anything you say is all right."
O ano passado actuou em Portugal, em Maio, com concertos em Lisboa e Porto.
Sem comentários:
Enviar um comentário