O ano de Serge Gainsbourg. Completam-se 20 anos(faleceu em 2 de Março de 1991, de ataque cardíaco),sobre a sua morte, e a Universal prepara um reavivar da sua memoria. No plano editorial, 2011 anuncia-se como verdadeiro ano Gainsbourg em França.
Uma caixa de 20 CDs, 17 cobrindo toda a obra em nome próprio, dois reservados à música que compôs para cinema e um outro compilado a partir de arquivos rádio, tudo contextualizado por uma biografia ilustrada e um "portfolio" de 25 fotos e manuscritos.
Haverá outra caixa, esta de DVD, intitulada "D'Autres Nauvelles Des Étoiles" (4h30 de concertos, entrevistas ou documentários). E uma colectânea em CD e vinil duplo intitulado "Comme Un Boomerang" (um dos cerca de 15 inéditos revelados nos diversos lançamentos).
Paralelamente, será feita a reedição em vinil dos seus quatro primeiros álbuns- "Du Chant à La Une", "Nº2", "L'Étonnant Serge Gainsbourg" e "Nº4".
No ano passado, vimos o filme intitulado (Vie Héroïque)lançado em França, Janeiro de 2010, baseado na graphic novel do escritor-director Joann Sfar. Gainsbourg é interpretado por Eric Elmosnino e Mottet Kacey Klein. O actor Eric Elmosnino, quase mais "gainsbourguiano" do que o original. "Gainsbourg - Vida Heróica", mostrou-nos em modo fantasia Serge e as mulheres, Serge e as canções, Serge e os excessos.
Foi actor e cineasta, contudo, o seu maior personagem era ele mesmo. Viciado irrecuperável em cigarros, álcool, mulheres e versos com temas polémicos, coleccionou escândalos e amantes durante toda a vida.
Em 1969,lançou "Je t'aime ... moi non plus", que contou com letras explícitas e sons simulados de orgasmo feminino.Originalmente gravado com Brigitte Bardot, foi lançado com a futura namorada Jane Birkin. A canção foi censurada ou retirada das televisões pública em muitos países. O Vaticano fez uma declaração pública citando a canção ofensiva.
Gainsbourg, é frequentemente considerado como um dos mais influentes músicos populares, nasceu em Paris, filho de judeus russos que haviam emigrado para a França, fugindo da revolução de 1917. Ele e a sua família sofreram durante a Segunda Guerra Mundial. Enquanto criança, em Paris, Gainsbourg tinha usado o emblema amarelo como a marca de um judeu.
Como compositor ofereceu a sua genialidade para que outros a cantassem, e será ainda editada uma colecção de 45 canções compostas por Serge para a sua esposa Jane Birkin, mãe da sua filha Charlotte Gainsbourg,que conheceu durante as filmagens do filme Slogan, Anna Karina, Marianne Faithfull, Brigitte Bardot ou Juliette Gréco.
As suas primeiras músicas foram influenciados por Boris Vian, cedo começou a se mover e experimentar com uma sucessão de diferentes estilos musicais:Jazz no início, pop nos anos 1960, rock e reggae em 1970, e electrónica na década de 1980. Produziu muitas músicas para filmes, incluindo dois álbums funk electrónico gravado em Nova York (1984 e 1987), e dois álbuns reggae, na Jamaica em 1978, e 1981, "Aux Armes et cetera", uma versão reggae do hino nacional francês "La Marseillaise", com Robbie Shakespeare, Sly Dunbar, e Rita Marley.
Esta música lhe rendeu-lhe ameaças de morte de veteranos de extrema-direita da Guerra de Independência da Argélia que se opunham a algumas letras. Bob Marley ficou furioso quando descobriu que Gainsbourg fez sua esposa Rita Marley cantar letras de músicas eróticas.
Em Março de 1984, quando era ilegal (artigo 132 do "Código Penal"),queimou uma nota de 500 francos franceses na televisão para protestar contra a pesada tributação. Iria aparecer bêbado e com barba por fazer no palco, em abril de 1986, no show ao vivo de Michel Drucker, com a cantora americana Whitney Houston, ele exclamou "to the host" - Eu quero foder.
No mesmo ano, numa outra entrevista de um talk show, apareceu ao lado de Catherine Ringer, uma cantora bem conhecida que tinha aparecido em filmes pornográficos. Gainsbourg gritou: "Você não passa de uma prostituta suja, imunda, prostituta do caralho". Ringer repreendeu "Olhe para você, você é apenas um velho amargo alcoólico. Costumava admira-lo, mas nestes dias você tornou-se num velho parasita nojento".
Durante sua carreira, escreveu bandas sonoras para mais de 40 filmes. Em 1996, recebeu um prémio póstumo-César de Melhor Música Escrita para um Filme de Elisa, juntamente com Zbigniew Preisner e Michel Colombier.
Gainsbourg dirigiu quatro filmes: Je t'aime... moi non plus, Équateur, Charlotte For Ever e Stan The Flasher.
Fez uma breve aparição, com Jane Birkin, em 1980, em Egon Schiele Exzess und Bestrafung, um filme de Herbert Vesely, e também foi a estrela em "Les Chemins de Katmandou", com Jane Birkin.
Gainsbourg escreveu um romance Evguénie Sokolov.
Desde sua morte, a música de Gainsbourg atingiu estatura lendária na França. O seu brilho lírico em francês deixou um legado extraordinário, a sua música sempre progressiva, cobriu diversos estilos: jazz, baladas, mambo, lounge, reggae, pop (incluindo pop adulta contemporânea, pop kitsch, pop yé-yé, pop dos anos 80, pop art, prog, pop da era espacial, pop psicadélica e pop erótica), disco, calypso, Africana, bossa nova e rock and roll.
Um dos intérpretes mais frequente das canções de Gainsbourg, foi a cantora britânica Petula Clark.
Em 2011, 20 anos depois, o novo reencontro com Gainsbourg, para os que conhecem, para os gostam, e para os que o devem conhecer.
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