A 4.ª edição do festival de cinema mais importante do nosso país começa hoje e prolonga-se até 15 de Novembro.Com bilhetes a 4 euros por sessão, tem muito por onde escolher.
Lou Reed chegou ontem, quinta-feira, a Portugal para participar no Estoril Film Festival.
Hoje, às 20h, inaugura uma exposição de fotografias de sua autoria, intitulada Romanticism, que estará patente no Centro de Congressos do Estoril.
Amanhã, no mesmo local, o músico mostra a sua estreia na realização, com o documentário de curta-metragem Red Shirley (17.15), sobre a sua prima Shirley Novic de 100 anos, recorda como fugiu da Polónia, em 1938, com duas malas e poucos dólares no bolso, complementado por Final Weapon, de Stephan Berwick; e para uma "master class" que estará aberta ao público e à imprensa e que terá início às 17h15.
Às 15h30 será exibido o famoso documentário "Lou Reed's Berlin" de Julian Schnabel.
Desde a primeira edição que o festival defende o cruzamento entre os cinema e as outras artes. E este ano volta a pôr em prática este princípio, dando especial atenção à música, enquanto se mantém aberto à fotografia, às artes plásticas, à moda e à literatura.
A secção Fora de Competição, começa hoje, às 21.30, com o falso documentário de Casey Affleck e Joaquin Phoenix "I'm Still Here" e o encerramento com o novo de Woody Allen, "You Will Meet a Tall Dark Stranger". Pelos nove dias, do festival passam filmes, do fotógrafo e realizador Anton Corbijn (acompanhando "O Americano"), Scott Pilgrim vs. The World, de Edgar Wright, Machete, de Robert Rodriguez, Mathieu Amalric ("Tournée"), o iraniano Abbas Kiarostami ("Copie Conforme", o seu filme francês com Juliette Binoche), o georgiano Otar Iosseliani (que traz "Chantrapas")ou The Kids are All Right, de Lisa Cholodenko.
E ante-estreiam-se dois dos mais importantes filmes americanos de 2010 - "Road to Nowhere", o novo Monte Hellman, estreado em Veneza 2010 , e "Winter's Bone", de Debra Granik, filme de suspense rural (na linhagem de "Frozen River" ou "Ballast") que se tornou na sensação 2010 do cinema independente americano.
Os nomes mais sonantes, contudo, não vêm apresentar filmes. Lou Reed vem hoje fazer a abertura oficial do 4.º Estoril Film Festival, e traz a sua exposição "Romanticism", para lhe dar este título, Reed foi inspirar-se num quadro do pintor romântico alemão Caspar David Friedrich. A outra pessoa que tem direito a uma foto na exposição é a sua mulher, Laurie Anderson que virá no final do evento para fazer leituras de The Body Artist de Don de Lillo.
Stephen Frears, realizador de "A Rainha" e "Tamara Drewe", fará um encontro com o público (anunciado como "masterclass") sobre "Dirigir John Malkovich".John Malkovich e Stephen Frears estiveram juntos em 1988, com o filme “Ligações Perigosas” e, mais tarde, em 1996 com “Mary Reilly”. Actor e realizador voltam a encontrar-se no Estoril - mas o actor apresenta igualmente um desfile de moda que desenhou e algumas das suas experiências cinematográficas com a designer Bella Freud (que faz parte do júri da competição). O juiz espanhol Baltasar Garzón vem dar uma conferência sobre "A memória colectiva e a importância das imagens" e a actriz Marisa Paredes será homenageada com a projecção de três filmes seus.
Há a retrospectiva com oito filmes de Kathryn Bigelow", ex-mulher de James Cameron e a grande vencedora da última noite dos Óscares, rever “Ruptura Explosiva”, com Keanu Reeves e Patrick Swayze em versão surfista, ou o mais recente e vencedor de Óscar “Estado de Guerra”.
Montado ainda na prisão, o filme “O Escritor Fantasma”, de Roman Polanski, conquistou o Urso de Prata de Melhor Realizador no Festival de Berlim. Ultimamente, o cineasta de origem polaca de 77 anos tem sido notícia mais pelos problemas que tem com a justiça americana desde os anos 70, do que pelos seus filmes. No festival do Estoril será devidamente homenageado. Uma selecção de Polanski inclui algumas das suas primeiras obras ( "A Faca na Água" ou "Repulsa") as suas primeiras curtas-metragens, realizadas entre 1955 e 1961, e “Rosemary’s Baby” com Mia Farrow, mas também êxitos como "Tess" ou "A Semente do Diabo".
A retrospectiva alargada do lendário experimentalista francês Chris Marker, o autor de "La Jetée", trará a Portugal o historiador do cinema Bernard Eisenschitz e a jornalista multimedia Annick Rivoire, bem como o seu mais recente trabalho, "Ouvroir the Movie"; ou a apresentação integral da obra do palestiniano Elia Suleiman, autor de "Intervenção Divina", acompanhada pelo realizador. Homenageiam-se o iconoclasta japonês Koji Wakamatsu, quase desconhecido entre nós (com uma selecção focada nas suas incursões pelo porno soft-core nipónico), o falecido Werner Schroeter, autor de culto que Paulo Branco acompanhou repetidamente como produtor, e o antropólago Ruy Duarte de Carvalho, com documentos inéditos das suas viagens angolanas. E a homenagem a Garzón é o pretexto para mostrar os documentários que Patricio Guzmán (recentemente a concurso no Doc com o magnífico "Nostalgia de la Luz") dedicou à história do Chile ("El Caso Pinochet" e o monumental tríptico "La Batalla de Chile").
O vector, mais "hardcore" em termos cinematográficos e artísticos. Há uma secção paralela, Cinemart, entre o cinema experimental e multimedia com obras dos artistas Lawrence Weiner e Douglas Gordon ou do fotógrafo Alberto García-Alix (todos presentes), e uma competição virada para o cinema de arte e ensaio mais tradicional. Que mostra a concurso dois dos mais importantes filmes europeus do ano - "Autobiography of Nicolae Ceausescu", extraordinário documentário de Andrei Ujica, e "Aurora", de Cristi Puiu".
O único filme português em competição, é do lisboeta João Nicolau, de 35 anos, que tem sido bem recebido em festivais por todo o mundo e já premiado por nove vezes, estreia a primeira longa-metragem "A Espada e a Rosa", a história do atraiçoado Manuel, que embarca numa caravela portuguesa do séc. XV governada pelas leis da pirataria.
A internet é hoje em dia o reflexo daquilo que somos para o bem e para o mal. Eu criei este blogue com o objectivo de falar sobre a cultura pop - musica, cinema, livros, fotografia, dança... porque gosto de partilhar a minha paixão, o meu conhecimento a todos. O meu amor pela música é intenso, bem como a minha curiosidade pelo novo. Como não sou um expert em nada, sei um pouco de tudo, e um pouco de nada, o gosto ultrapassa as minhas dificuldades. Todos morremos sem saber para que nascemos.
05/11/2010
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