O escritor peruano Mario Vargas Llosa foi distinguido aos 74 anos com o Prémio Nobel da Literatura. O prémio literário, que no ano passado foi atribuído à alemã de origem romena Herta Müller, tem um valor monetário de cerca de um milhão de euros.
«A escrita que faz a cartografia das estruturas do poder e uma obra que revela imagens mordazes da resistência, revolta e dos fracassos do indivíduo», foram as razões apontadas pela Academia Sueca para a escolha.
Da longa bibliografia destacam-se "A Casa Verde" (1967), "Conversa na Catedral" (1969), "Pantaleão e as Visitadoras" (1973), "A Tia Júlia e o Escrevedor" (1977) e "A Guerra do Fim do Mundo" (1981), "História de Mayta" (1984), "Quem Matou Palomino Molero?" (1986), "O Falador" (1987), "Elogio da Madrasta" (1988).
A partir da década de 1990 escreveu, entre outros, "Como Peixe na Água" (1993), "Os Cadernos de Dom Rigoberto" (1997), "Cartas a Um Jovem Romancista" (1997), "A Festa do Chibo" (2000), o "Paraíso na Outra Esquina" (2003), "Travessuras da menina má" (2006), e "Diário do Iraque" (2007), o mais recente.
Percurso
Nascido em Arequipa, no Peru, a 28 de Março de 1936, Jorge Mario Vargas Llosa, já era reconhecido com um dos maiores escritores em língua espanhola, com uma carreira também dedicada ao jornalismo, ao ensaísmo e ao activismo político.
Filho único nascido numa família de classe média, estudou no Colégio Militar Leôncio Prado, em La Perla, como aluno interno, experiência que servirá de tema do seu primeiro livro, “La ciudad y los perros” ("A cidade e os cães") (1963).
Estudou Letras e Direito na Universidad Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, e nos anos 1950 recebe uma bolsa de estudos para estudar em Espanha, na Universidade de Madrid, onde obtém um doutorado em Filosofia e Letras.
Como intelectual e escritor foi fortemente influenciado pelo existencialismo do filósofo francês Jean Paul Sartre e também pela obra do norte-americano William Faulkner.
Na área política, presidiu, em 1983, a uma comissão que investigou a morte de oito jornalistas, no final dessa década lançou um movimento liberal contra a desestatização da economia, e em 1990 concorreu à presidência do país com a Frente Democrata (FREDEMO), partido de centro-direita, mas foi Alberto Fujimori que acabou por ganhar as eleições.
Na sequência dessa derrota, retomou a actividade literária em Londres, cidade que mais tarde apreciaria pelo anonimato e a calma que lhe proporcionava para poder escrever, mas também dividiu residência por Paris, Barcelona e Madrid.
Vários prémios
Foi galardoado, entre outros, com o Prémio Rómulo Gallegos (1967), o Prémio Cervantes (1994), o Prémio Nacional de Novela do Peru (1967), o Prémio Príncipe das Astúrias de Letras Espanha (1986) e o Prémio da Paz de Autores da Alemanha, concedido na Feira do Livro de Frankfurt (1997).
Em 1985 foi condecorado pelo governo francês com a Medalha de Honra.
Depois da contestação ao governo do DITADOR, Fujimori, (uma das personagens a quem eu tenho um ódio de estimação) em 1993 pediu a nacionalidade espanhola, mantendo também a peruana.
Aos 74 anos, Mário Vargas Llosa, membro da Real Academia Espanhola da Língua, mantém-se ainda em intensa actividade como romancista, crítico literário, colunista na imprensa, ensaísta, dramaturgo e professor universitário.
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