18 de Setembro de 1970. Johnny Allen Hendricks era encontrado morto no apartamento da sua namorada, Monika Dannemann. Morreu sufocado no seu próprio vómito, causado por uma suposta overdose acidental de comprimidos para dormir. A história perdia um dos melhores e mais geniais guitarristas de sempre.
O Tenessee foi o ponto de partida para a carreira de Johnny Allen Hendricks, um viciado em blues desde os 14 anos. Decorria o ano de 1962 e Hendricks tinha sido dispensado do exército. Foi lá que viu Butch Snipes a tocar com os dentes a memorável técnica que Hendrix imortalizou e onde entrou pela primeira vez num estúdio de gravação.
Curiosamente o país que o viu nascer foi também aquele que o rejeitou. Hendricks já tinha andado em digressão com os Isley Brothers e gravado com Little Richard, mas nem Andrew Loog Oldham (manager dos Rolling Stones) nem Seymour Stein (produtor) gostaram da sua música e rejeitaram-no. Chas Chandler, ex-baixista dos Animals, foi mais astuto e levou-o para Londres. O mundo nunca mais seria o mesmo.
Na capital inglesa, ganhou o nome Jimi Hendrix, formou os Jimi Hendrix Experience e ficou com a imagem que mudou a face do rock: o casaco militar dois tamanhos acima do seu, o cabelo em carapinha descuidada e as calças justas e apertadas. Subiu ao palco com os Cream de Eric Clapton, na altura o único e verdadeiro guitar-hero da Grã-Bretanha. A lenda diz que a performance exímia e arrebatadora de Hendrix desarmou totalmente Clapton, levando-o a sair de palco, desanimado.
Em 1967, a América parecia pronta para receber Hendrix, já uma estrela na Europa. Qual filho pródigo e pela mão de Paul McCartney, actuou no mítico festival de Monterey. Jimi Hendrix foi incendiário e de uma forma bem literal: em palco, pegou fogo à sua guitarra. Um ano antes da sua morte, um dos momentos mais memoráveis da história da música chamou por ele. Ou melhor: um momento que talvez não ficasse para a história se Jimi Hendrix não tivesse subido ao palco de Woodstock perante 180 mil pessoas para interpretar o hino norte-americano na sua guitarra eléctrica.
A total liberdade criativa à frente dos Experience e mais tarde a solo, as drogas e a sua vida intensa e meteórica, levaram-no a trilhar caminhos antes desconhecidos: a fusão do psicadelismo com o rock, o bombo duplo na bateria, a distorção e o feedback amplificados na guitarra eléctrica, o pedal de efeitos wah-wah... Dizer que Hendrix revolucionou a forma como se tocava guitarra e se ouvia música é pouco. Tanto que só os Beatles e a sua morte impediram que o americano chegasse a número um no top de vendas inglês.
Custa a crer que desde que começou a dar nas vistas até ao dia da sua morte passaram apenas 8 anos. Jimi Hendrix passou pela vida como um cometa indescritível nestas linhas: não houve quem não o visse, nem quem não ficasse estonteantemente impressionado com ele. Quarenta anos volvidos, ainda não se sabe se Jimi Hendrix se matou ou se foi morto - talvez nunca saibamos. Hendrix é mesmo o melhor de sempre.
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