04/04/2010

LE PETIT LIVRE ROCK

O Pequeno Livro do Rock, novela gráfica do francês Hervé Bourhis conta a história do rock desde 1915 até 2009.

Não é uma BD tradicional, apesar de contar a história em quadradinhos, é uma sequência de fatos, ilustrações e histórias curiosas desde os mega astros pop até as figuras comuns que participaram do rock nestes quase 100 anos.

A geração da Bossa Nova e Os Mutantes entram como representantes brasileiros. Lançada originalmente em 2007 na França, ganhou uma nova versão actualizada em 2009 que incluiu também a banda Cansei de Ser Sexy.

Bourhis, de 35 anos, tem uma carreira com pouco mais de uma década nos quadradinhos franceses, vencedor do prêmio Goscinny em 2002 (por Thomas ou le Retour du Tabou) resumiu em 224 páginas um material que vinha recolhendo desde os 14 anos, entre álbuns, recortes de jornais e "toneladas" de livros. Juntou a adoração pela música com sua outra grande paixão dentro da cultura pop, os quadradinhos - a primeira BD escreveu aos 7 anos - neste livro que saiu em 2005 tornou-o referência na França.

Jamais tive uma overdose; não vi os Sex Pistols no Chalet du Lac; não estive no Bronx nos primórdios do hip-hop; não vi os Beatles ao vivo no Ed Sullivan Show; não fui aos shows do Elvis em 55; não compartilhei groupies com o Led Zeppelin; não sou um crítico de rock profissional; não tenho vontade de ser completo, objetivo ou de boa-fé. Em suma, não tenho nenhuma legitimidade para escrever este livro, e foi por todas essas razões que mesmo assim o escrevi.'

Aos admiradores do gênero vale avisar que não se deve esperar do resultado nenhum criterioso olhar enciclopédico e que é bom tentar uma leitura desapaixonada para não achar que sua banda favorita foi desprestigiada. "O projecto é deliberadamente subjetivo. Não acho que o rock deva ser objecto de um estudo académico", diz o cartonista.

Cansado de ver tantas compilações de notícias e informações repetidas sobre o rock'n'roll, esse francês de 35 anos, amante da música e do desenho, decidiu escrever ele mesmo o seu diário particular do rock com base naquilo que leu, ouviu e respirou durante décadas em revistas, canções e filmes que marcaram as gerações dos cinco continentes.

Uma resposta a isso Bourhis sentiu na pele numa noite de autógrafos, quando um indignado fã dos Génesis lhe atirou o livro na cabeça (sobre a banda, em 1975, Bourhis escreve: "Peter Gabriel, vocalista do Génesis, acaba de deixar o grupo, sem dúvida cansado de se disfarçar no palco de raposa, flor, pulgão ou espinha purulenta").

Ilustrado ano a ano através de capas de discos, letras de músicas, cortes de cabelo, fatos e boatos, o autor fez questão de não se deter apenas em ícones do gênero, retratando situações curiosas sobre personagens desconhecidos, os quais, de alguma forma, tiveram papel importante nesse cenário.

Há ainda as 'batalhas', onde Hervé, de maneira divertida, lista e compara _como faz todo bom fã de rock _discos de dois artistas ou grupos diferentes: Chuck Berry ou Little Richard, Lou Reed ou David Bowie, Nirvana ou Pixies? Quem será o vencedor?

Mas, defende o autor, mesmo cantores ou grupos dos quais ele gosta não tiveram tratamento muito melhor. A banda inglesa The Ruts e o cantor Donovan, por exemplo, ficaram de fora. "O que importa é o papel que se teve. Uma banda obscura que "só" faça música boa é menos relevante que protagonistas de factos insólitos." Jerry Lee Lewis, Ozzy Osbourne e Prince, os três artistas lembrados na primeira frase deste texto, estão aí para provar.

A música produzida em terras brasileiras surge em três momentos, um deles inesperado para a saga de guitarras e baterias: o lançamento de Chega de Saudade, em 1958. Como bom francês, Bourhis adora João Gilberto, Tom e Vinicius, mas arrisca argumento mais científico. "É claro que, musicalmente, a bossa é o anti-rock, mas é também um movimento que acompanha todos os outros de ruptura do pós-Guerra, o rock, o free jazz, o soul." Os outros dois minutos de fama ficam com Os Mutantes e os Cansei de Ser Sexy - neste último caso, porque um único bom single, opina o autor referindo-se a Let"s Make Love and Listen to Death From Above, pode bastar para gravar uma banda na história.

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