Lia Rodrigues entende a criação como um processo global onde se inclui a formação, a
sensibilização e a crítica e como uma actividade consagrada no estudo das relações sociais aos níveis colectivo e singular.
A Companhia Lia Rodrigues regressa com um espectáculo que resultou de uma residência em França no Théâtre Jean-Vilar, de Vitry-sur-Seine. A coreógrafa brasileira fundou a sua companhia em 1990, no Rio de Janeiro, tendo-se fixado na favela da Maré onde desenvolve também um importante trabalho social de iniciação à dança com jovens da comunidade.
Pororoca, o seu mais recente trabalho, inspira-se no conceito tupi que refere o encontro violento entre o rio e o mar, um movimento destrutivo, mas ao mesmo tempo fundamental para o equilíbrio natural das coisas.
Lia cria e improvisa novas condições de sobrevivência num país desfeito pelas violências e desigualdades sociais. A nova peça parte desta experiência. É o encontro e a articulação entre os onze bailarinos que desenham a nova criação, uma partição coreográfica de “corpos-instrumentos” inventada com o colectivo de intérpretes e assente na orquestração das múltiplas identidades aqui reunidas.
“Pororoca” significa “explosão” em língua índia Tupi e refere-se ao fenómeno natural que se produz quando uma vaga do oceano remonta o rio da Amazónia e o confronta em contracorrente.
“A força vital reconhecida neste fenómeno é evocada no espectáculo e na representação do viver em comunidade, com as suas semelhanças, com as suas diferenças, uns com os outros, uns para os outros… são estas combinações, estas variações à volta do grupo que tentamos desenvolver”
Lia Rodrigues não cessa de interrogar na sua actividade a vida quotidiana das favelas do Brasil onde ela enraíza as criações coreográficas.
Ontem fui mais uma vez, (passado dez anos, Lia regressou ao Porto) ver a nova peça " Pororoca " da coreógrafa brasileira.
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