Quem é da minha geração cresceu com o " pai do cinema de animação " Vasco Granja - , fazia uma pequena introdução ao filme, com uma voz que nos embalava a nós, pequenitos telespectadores e ao mesmo tempo nos deixava colados ao televisor- no tempo em que a televisão era a preto e branco - e pá ....já foi há séculos.......
Divulgador de banda desenhada e do cinema de animação em Portugal. Em 1974 inaugurou um novo programa na televisão "Cinema de Animação", na RTP,divulgando durante 16 anos obras fora do circuito comercial de todo o mundo, nomeadamente desenhos animados dos países do Leste da Europa, morreu esta madrugada em Cascais, tinha 83 anos.
Autodidacta e com múltiplos interesses culturais ao longo da sua vida, Vasco Granja começou a trabalhar, ainda muito novo, nos antigos Grandes Armazéns do Chiado, e depois ao balcão da Tabacaria Travassos, na baixa lisboeta, que consideraria, anos mais tarde, a sua universidade. O seu interesse pelo cinema surge na adolescência e aos 16 anos chegaria a ser admitido como segundo assistente de fotografia no filme "A Noiva do Brasil", de Santos Neves.
No início da década de 50 envolve-se no movimento cineclubista, tendo desempenhado funções directivas no Cine-Clube Imagem. Apaixonado desde miúdo pelo cinema, Vasco Granja esteve envolvido no movimento cineclubista dos anos cinquenta. A sua relação com os movimentos de oposição ao Estado Novo e ao Partido Comunista Português valeram-lhe duas prisões pela PIDE, uma em Novembro de 1954, onde sofreu em Peniche várias torturas físicas e psicológicas, como a tortura do sono. Esteve preso sem julgamento seis meses e quando foi libertado voltou às suas actividades cineclubísticas e à divulgação cultural na imprensa.
Datam de 1958 os seus primeiros artigos sobre o cinema de animação, nomeadamente na sequência da descoberta dos filmes experimentais do canadiano Norman McLaren.
No início da década de 60 arranja trabalho na Livraria Bertrand, onde se manteve até à reforma.
É preso de novo em 1963, julgado e condenado a 18 meses de prisão.
O seu nome é habitualmente associado à divulgação da banda desenhada em Portugal. O termo "banda desenhada" é, aliás, utilizado pela primeira vez por Granja num artigo publicado pelo Diário Popular em 19 de Novembro de 1966.
Integra a equipa fundadora da revista francesa de crítica e ensaio de banda desenhada Phénix, nos anos 60 e participa regularmente no Salone Internazionale dei Comics, em Lucca (Itália), o mais importante encontro do género nos anos 70.
Em Portugal, a sua actividade de divulgação da banda desenhada intensifica-se a partir do aparecimento da edição portuguesa da revista Tintin, em Junho de 1968, onde escrevia e traduzia artigo, além de ter a responsabilidade da secção de cartas aos leitores.
Em 1975, criou um curso de cinema de animação, a partir do qual viria a nascer a Associação Portuguesa de Cinema de Animação.
Em 1974 e 1975 integra o júri do Salão Internacional de BD de Angoulême. Depois de 25 de Abril de 1974, Vasco Granja mantém um programa regular sobre cinema de animação na RTP, que teve mais de 1000 emissões e divulgou sistematicamente as grandes escolas internacionais do género. Estava reformado desde 1990.
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