01/11/2009

MORREU ANTONIO SÉRGIO

O radialista António Sérgio, figura de referência na divulgação da música de alternativas, faleceu na noite de sábado, vítima de um problema cardíaco, aos 59 anos, das quais mais de 40 anos foram ao serviço da rádio, disse à Lusa Luis Montez, dono da Rádio Radar. António Sérgio fazia actualmente o programa "Viriato 25" da rádio Radar, tendo inclusivamente estado em estúdio a gravar o programa da próxima semana, que será posto no ar tal como previsto, garantiu Luís Montez. João David Nunes, num comentário à morte do radialista. "Conheci o António há muitos anos e sempre trabalhámos com grande proximidade. Ele deixa uma marca indelével na rádio portuguesa", disse João David Nunes, um dos fundadores da Rádio Comercial, emissora para a qual convidou António Sérgio, em finais dos anos 70. "Curiosamente ele começou na Rádio Renascença, onde seguiu as pisadas do pai. Posteriormente encontramo-nos, julgo pela primeira vez no lançamento da revista Música e Som, publicada em princípios dos anos 70", recordou. Sobre António Sérgio - "uma voz fantástica e característica" -, João David Nunes destacou ainda a "qualidade inacreditável que sempre teve de estar à frente, de ser capaz de ouvir e perceber aquilo que era algo, que ia ser determinante, uma coisa boa", antecipando tendências e êxitos musicais. O radialista tornou-se famoso com programas como "Som da Frente", "Lança-Chamas" ou "A Hora do Lobo2 Trabalhou ainda na inesquecível, saudosa, extinta XFM. Na próxima semana, o programa de António Sérgio na Radar - " Viriato 25" - será emitido como habitualmente, pois já se encontrava gravado. António Sérgio foi o mais importante divulgador de música "da frente" desde os anos 70 em Portugal. Na Rádio Renascença ou na Rádio Comercial, foi autor de programas, juntamente com Ana Cristina Ferrão, que marcaram gerações e abriram Portugal à música mais aventureira produzida no mundo. Programas como Rotação (de 1977 a 1980), Rolls Rock, Som da Frente (de 1982 a 1993), Lança-Chamas, O Grande Delta (de 1993 a 1997) e, ultimamente, A Hora do Lobo ou Viriato 25 abriram os ouvidos de milhares de portugueses ao longo das décadas, sobretudo numa época em que o acesso ao "novo" era tarefa dificultada pela não existência de discos à venda em Portugal , ou programas de rádio em consonância com aquilo que se fazia "lá fora". Trabalhou ainda com as editoras Nébula e Música Alternativa. António Sérgio colaborou durante vários anos com o jornal BLITZ , onde era responsável pelo suplemento mensal Manifesto. Trabalhou também na indústria discográfica, sendo autor da polémica edição da colectânea Punk Rock 77 , um caso que chegaria aos tribunais. Na editora Nova foi um dos produtores do álbum "Músic Moderna", dos Corpo Diplomático, que mais tarde dariam origem aos Heróis do Mar. Dirigiu o selo Rotação da editora Rossil, onde se estrearam uns tais Xutos & Pontapés , com o single Sémen . Sérgio seria aliás creditado como produtor do primeiro álbum da banda. Os Xutos seriam, por sua vez, os autores do genérico do programa de rádio O Som da Frente. Premiado com um Globo de Ouro da SIC na categoria de Rádio, António Sérgio completara, em 2008, 40 anos dedicados àquele ofício e foi considerado pela BLITZ uma das 50 personalidades mais importantes da música portuguesa. Ainda este mês, participara na eleição dos melhores discos de sempre da música portuguesa, iniciativa que marcou os 25 anos de BLITZ. O dono da Radar qualificou António Sérgio como "um mestre da rádio, uma referência" ou o "John Peel português". Montez afirmou que o radialista era um exemplo de trabalho e dedicação e "estava sempre preocupado com os ouvintes". Luiz Montez contou ainda que António Sérgio foi mesmo trabalhar no dia em que morreu o pai e disse apenas: "os ouvintes estão à minha espera". António Sérgio estreou-se na Rádio Renascença e tornou-se famoso com programas como "Som da Frente", "Lança-Chamas" ou "A Hora do Lobo".

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