01/07/2009

O Piolho faz 100 anos - cafés do Porto

Um dos cafés mais carismáticos da cidade do Porto fez 100 anos- 26/06/09. Não se chama, mas todos lhe chamam "Piolho". Por ele passaram todas as última gerações de estudantes e professores de várias faculdades.O Café Âncora D'Ouro abriu em 1909 e depressa foi "ocupado" por estudantes universitários, que o rebaptizaram de Piolho. Cem anos mais tarde, o café situado nos jardins da Cordoaria é um dos símbolos da cidade do Porto. Actuações de tunas, fado, inauguração de uma placa comemorativa e muita festa. Estes são os principais atractivos no Café Piolho que comemora os seus 100 anos.Quem o visitou teve direito a uma «chávena comemorativa dos 100 anos».O lançamento do livro «Piolho: cem anos» é uma das mesmas. José Martins o proprietário confessou que existem muitas histórias que marcam o «Piolho» e que há sempre «coisas novas». Cada mês surgem novas actividades. «A Amália Rodrigues deslocou-se ao balcão, quando eu estava lá e pediu-me uma bica. Foi um momento marcante pela pessoa e pela maneira como falou. Nunca mais me esqueci», contou o proprietário. O «Piolho» é também feito de histórias «picantes». «Um estudante subiu para uma cadeira e abriu a braguilha das calças e disse «venha quem tenha uma maior!». Eu não achei piada nenhuma, mas depois eu é que fiquei mal porque foi tudo uma festa», conta. O café “Âncora de Ouro”, mais conhecido como “o Piolho”, faz hoje 100 anos, juntando-se ao grupo muito restrito dos cafés portuenses centenários, com A Brasileira e o Café Progresso. Localizado na Praça Parada Leitão, frente à antiga Reitoria da Universidade do Porto, a sua história é inseparável da história da cidade do Porto, como lugar de tertúlia e, em particular, como ponto focal do movimento estudantil e da sua luta anti-fascista, sobretudo nas décadas de 60/70. Intimamente ligados às tertúlias e ao debate de ideias que muito contribuiram para a história do Porto, a maioria dos cafés desse período ainda em funcionamento abriram nas décadas de 1910 e 1920, o Chave de Ouro (1916), na Praça da Batalha, e o Majestic (1921), na Rua de Santa Catarina, e de de 1930 - o Monumental, o Avenida e o Guarani, todos na Avenida dos Aliados. Outros exemplos de cafés deste período incluem o Excelsior, na Rua de Sá da Bandeira, o Imperial na Avenida dos Aliados - hoje é um McDonald’s, embora a preciosa decoração Art Déco tenha sido mantida - e o Palladium (um dos mais luxuosos), em plena baixa portuense, onde hoje podemos encontrar a FNAC. Mas todos estes fecharam nas últimas décadas, pelo menos como cafés. Todos eles cafés tinham entre si uma característica comum, as elegantes decorações, cada uma de acordo com a época da respectiva criação, um elemento que funcionava também como elemento diferenciador na acesa competição pela clientela sofisticada a que se dirigiam, a burguesia da cidade. "A Brasileira", na Rua de Sá da Bandeira, que abriu as suas portas em 1903, continua, mas já não nos moldes iniciais. O estabelecimento subdividiu-se em duas espaços distintos. “A Brasileira” propriamente dita funciona mais como restaurante que como café, enquanto no outro espaço está hoje instalado um estabelecimento da cadeia de franchising Café di Roma. O mais antigo café portuense ainda em funcionamento é o Café Progresso, fundado em Setembro de 1899, onde o pedido mais frequente continua a ser o “café de saco”, apesar de, hoje em dia, também funcionar como restaurante. Aberto todos os dias, excepto ao domingo, o Progresso continua a ser uma das referências no sector e um dos três cafés centenários existentes no Porto.

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