Rommie Biggs - O rei dos assaltantes

Se Charles Mnason foi o rei dos assassinos, Ronnie Biggs, é o rei dos assaltantes. O rei dos assaltantes vai fazer 80 anos em casa Há 46 anos, Ronnie Biggs protagonizou o assalto ao comboio Glasgow-Londres. Preso, fugiu e viveu três décadas no Brasil. Em 2001, entregou-se à justiça do Reino Unido. Doente, vai ser libertado a 4 de Julho, um mês antes do aniversário. O próximo dia 8 de Agosto terá um duplo significado para Ronnie Biggs: nessa data, o homem que ficou conhecido como o maior assaltante de comboios do mundo assinala os 80 anos de vida e 46 do golpe no valor de 2,6 milhões de libras (que hoje em dia equivaleriam a 40 milhões, ou 45 milhões de euros) que protagonizou contra o expresso que ligava Glasgow a Londres. Muito debilitado, após uma série de ataques cardíacos, Biggs "já não constitui um perigo público", como concluiu a junta que analisou - e aceitou - o seu pedido de liberdade condicional. "Se o meu pai fosse pedófilo ou terrorista já teria sido libertado", exclamou Michael Biggs, o filho do assaltante, ao ter conhecimento da sua libertação, que deverá acontecer a 4 de Julho. Em declarações ao Daily Mail, Michael garantiu que a família não está a fazer quaisquer planos, até porque o estado de saúde do seu pai não lhe permite grandes festas. Alguns familiares admitem mesmo não ter a certeza se o antigo assaltante conseguirá sobreviver para passar de novo os portões da prisão de alta segurança de Norwich. "A saúde do meu pai é extremamente frágil e instável. Não consegue comer nem beber. Já não anda, nem consegue escrever ou ler", disse ainda Michael. O estado de saúde do antigo fugitivo foi um dos motivos para as autoridades britânicas ponderarem a sua libertação condicional. Isto, apesar de Biggs, segundo documentos a que o diário The Times teve acesso, ter afirmado não lamentar o que fez. Quando deixar a prisão, Biggs deverá ser internado num lar para idosos junto à residência do seu filho, em Londres. Apesar da sua idade avançada, a libertação de Biggs, que ainda deverá ser aprovada pelo ministro da Justiça, Jack Straw, promete causar polémica. Afinal, o britânico fez parte do gangue de 15 indivíduos que roubou 2,9 milhões de euros em notas usadas no comboio que transportava o correio entre Glasgow e Londres. Condenado a 30 anos de prisão em 1964, conseguiu fugir do estabelecimento prisional de Wandsworth. Depois de saltar o muro, o fugitivo apenas teve de acertar no colchão colocado no fundo de uma carrinha de caixa aberta que o esperava no exterior. Depois de uma passagem por Paris, para onde viajou com documentos falsos e onde algumas operações plásticas lhe alteraram para sempre o rosto, Biggs viajou para Espanha, seguindo para a Austrália e, finalmente, para o Brasil. Foi aí que casou pela segunda vez - a primeira mulher e os três filhos mais velhos haviam ficado em Melburne. Deste segundo enlace, com a ex-bailarina e prostituta Raimunda de Castro, nasceu Michael. O facto de ter um filho com uma cidadã brasileira permitiu a Biggs escapar à extradição e viver no Rio de Janeiro durante mais de três décadas. Impedido de trabalhar, lucrou, no entanto, com a má sorte da Scotland Yard e com a venda de T-shirts e canecas com a sua imagem. Em 2001, falido e doente, Biggs decidiu voltar ao Reino Unido e enfrentar a justiça. Michael obteve a cidadania britânica quando os pais casaram, na prisão de Belmarsh, em 2002. Desde então, o seu estado de saúde degradou-se. Prestes a sair em liberdade, Biggs pare- ce até incapaz de partilhar a felicidade com a família, uma vez que "já nem consegue falar ao telefone", explicou Michael.