A internet é hoje em dia o reflexo daquilo que somos para o bem e para o mal. Eu criei este blogue com o objectivo de falar sobre a cultura pop - musica, cinema, livros, fotografia, dança... porque gosto de partilhar a minha paixão, o meu conhecimento a todos. O meu amor pela música é intenso, bem como a minha curiosidade pelo novo. Como não sou um expert em nada, sei um pouco de tudo, e um pouco de nada, o gosto ultrapassa as minhas dificuldades. Todos morremos sem saber para que nascemos.
16/03/2009
The Australian Pink Floyd Show
Uma das mais conhecidas bandas-tributo do mundo, The Australian Pink Floyd Show, actuaram a semana passada em Lisboa.Os Australian Pink Floyd Show actuam pela terceira vez em Portugal, mas agora com um espectáculo "maior, mais completo" do que o exibido anteriormente,"Esta é a produção total do espectáculo 'The Wall': lasers, insufláveis, é muito mais do que apenas uma experiência musical.
Um grupo de músicos australianos que se juntaram em 1988 apenas pelo gozo de "tocar Pink Floyd", recorda Jason Sawford. "Depois evoluiu e nunca mais parou", conta. "Linda e cansativa", a lista de espectáculos dos Australian Pink Floyd Show, assemelha-se a uma qualquer digressão mundial de uma banda de topo: em 2008, deram 132 concertos em 20 países.Já se disse deles que "tocavam Floyd melhor do que os Floyd" e o próprio David Gilmour já lhes teceu rasgados elogios.
Sufocar os originais. Pode um músico rock sentir-se realizado com uma rotina profissional de tocar músicas de outros?
Tozé Brito, "isso prova que as canções originais são boas, capazes de resistir ao passar das décadas". Certo. Mas não será frustrante? "É muito mais saudável do que andar pelos bares a tocar o que o povo pede. Tocar o que se gosta é sempre melhor", sentencia Zé Pedro.
Tiago Santos alarga o âmbito da discussão. "Frustrante é, hoje, haver mais condições para fazer um projecto ou discos de tributo do que de originais. Começa-se a afunilar, as pessoas procuram cada vez menos coisas novas. E esse é o lado pernicioso desta moda das bandas-tributo", analisa.
Não que a coisa em si seja um bicho de sete cabeças. Tiago tem um projecto paralelo, os Cais Sodré Fun Connection, que se dedica a recriar êxitos funk e soul dos anos 60 e 70; Zé Pedro entrou recentemente em espectáculos de tributo aos Clash e aos Sex Pistols.
Editoras evitam risco. "A relação entre músicos e editoras está a mudar radicalmente", analisa Tozé Brito. "Antigamente, estas assinavam contratos apenas para a gravação e venda de discos, deixando para os artistas tudo o que dizia respeito a espectáculos, publicidade e merchandising. Hoje, tem de ser diferente." As pessoas compram menos discos, muito do rendimento das bandas é obtido por aparições ao vivo e as editoras querem uma fatia desse bolo. Até porque gravar é bem mais barato hoje, mas as despesas de promoção continuam a ser elevadas. "E ninguém consegue encher concertos pondo a música no Youtube..."
O fenómeno está longe de ser apenas português. Muito longe mesmo. As bandas-tributo são, por definição, sucessos garantidos. Tocam o que o que o povo gosta de ouvir e são mais baratas do que as bandas que emulam (estas, em muitos casos, até já nem existem). Não precisam de ser promovidas - as canções originais estão lá há décadas a fazer esse trabalho.
Clones para todos os gostos
Basta uma breve pesquisa no Google e há todo um mundo à nossa espera. Experimentem em http://dir.yahoo.com/Entertainment/Music/Artists/Tribute_Bands. ZZTop barbudos à maneira, na República Checa? Sim, chamam-se ZZTop Revival Band. Beatles no século XXI? Sim, basta acrescentar ao nome Bootleg, em jeito de prefixo. Clones femininos dos AC/DC? Claro, e com o maravilhoso nome de Helles Belles. Quem quiser ouvir os Led Zepellin pode contratar os Whole Lotta Led. E por aí fora: há Kiss italianos (Kisskonfusion), Rolling Stones "made in USA" (Sticky Fingers), Queen holandeses (Miracle), Beach Boys australianos (The Beach Buddies), Doors alemães (L.A. Doors). Há mais de 30 novos Beatles, incluindo uns do Brazil (The Brazilian Beatles, naturalmente).
Em Portugal actuaram recentemente os Abba Gold, uma das muitas bandas-tributo aos famosos suecos que regressaram à ribalta com o filme "Mamma Mia". Outra, os Bjorn Again, recebeu 35 mil euros em Fevereiro para tocar durante uma hora numa festa particular. Entre as oito pessoas da assistência estava Vladimir Putin, primeiro-ministro da Rússia.
"Já fiz uma vez a conversa a um promotor português para que se realizasse um festival só de bandas-tributo", revela Zé Pedro. A ideia andou por aí, mais exactamente por Guimarães, onde Green Dayz, Coolplay e Probably Robbie (fazendo, naturalmente, as vezes de Green Days, Coldplay e Robbie Williams) deveriam ter passado. Mas o festival foi cancelado devido à falta de interesse do público.
Seja lá pelo que for, "noutros tempos, seria impensável", garante Tiago Santos: "As pessoas eram fiéis a uma banda, coleccionavam os discos. Hoje, essa ligação material não é tão forte, o consumo é mais imediato, ninguém se importa de ir ver uns tipos a imitar." Como diz Tozé Brito, "o importante é a música, não o intérprete". Principalmente se este for bom. "Muitas vezes as pessoas ficam surpreendidas. Não sabem bem o que estão à espera e o que vêem é um verdadeiro espectáculo dos Floyd", explica Jason Sawford.
Marcadores:
musica- The Australian Pink Floyd Show
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário