Abriu em 18 Dezembro de 1980. Era na rua da Beneficência ao Rego, onde antes morava o antigo cinema Universal, espaço que dava lugar a um palco inédito entre nós, muito entusiasmo e uma programação regular que depressa criou o seu público fiel. O Rock Rendez Vous foi determinante na afirmação e evolução da cena pop/rock portuguesa, que não teria conhecido o boom que se viveu em 80 sem aquela catedral de vida musical diária, revelando novos talentos, confirmando outros, e abrindo portas a bandas marcantes do panorama alternativo internacional de então (entre os quais os Teardrop Explodes, Echo & The Bunnymen, The Sound, Killing Joke, 999 ou Chameleons).Em dez anos fizeram-se ali 1500 concertos, seis concursos de música moderna (que revelaram bandas como os Mler Ife Dada, Pop Dell’Arte, Sitiados, Mão Morta,(em que Adolfo Luxuria Canibal cortou a propria perna com uma faca), Lobo Meigo, Requiem Pelos Vivos, Ritual Tejo, entre muitos outros) acrescento -The Lords Of New Church The Raincoats,The Danse Society e criou-se uma independente associada à casa e suas manifestações, a Dansa do Som, que editava os discos dos vencedores do concurso (o prémio), álbuns de registos ligados ao clube e algumas apostas editoriais estimuladas por importantes presenças em palco.O Rock Rendez Vous fechou em 1990. A concorrência das novas discotecas (porque, quando não havia concertos, o RRV funcionava como discoteca, e que discoteca!) e a subida de cachets das bandas, que se deveu ao investimento das autarquias em programações musicais mais aparatosas com a benção dos dinheiros da Europa, foram letais para a casa que não teve outra saída senão o fecho das portas.A verdade é que, apesar de um Johnny Guitar activo nos anos 90 e mais uma ou outra casa pontual, nunca mais Lisboa teve um clube de rock como o RRV, que prestou determinantes serviços ao Portugal musical de 80. E a música portuguesa posterior a 90 reflecte esse vazio, menos inventiva (apesar das excepções), menos activista (de forma consequente e não para meia dúzia de amigos) e, claramente, com muito menos bandas a entrar em cena ano após ano...Hoje celebram-se os 25 anos do Rock Rendez Vous, e mais que fazer nostalgia das grande noites ali passadas, importa vincar como Lisboa não tem há 15 anos um clube de rock activo e interventivo como aquele foi. Temos túneis, vamos ter casinos, teatro de revista, muitas luzinhas de Natal... Houve, há um ano, uma ideia, quase morta à nascença, de fazer do Cinema São Jorge um Rock Rendez Vous 2.0... Convenhamos que não era a melhor saída nem para um clube de rock nem para uma das melhores e mais desejadas salas de cinema da capital. Mas o tal rockódromo (assim lhe chamava o hoje Presidente Sampaio) prometido ao voto jovem quando o político apontava azimute à Câmara, continua um sonho por cumprir.
In blog. Sound+Vision de Nuno Galopim
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