Um dos maiores dramaturgos da sua geração, morreu, aos 78 anos, vítima de um cancro. O dramaturgo britânico que deu origem à palavra "pinteresco" morreu na quarta-feira, véspera de Natal, aos 78 anos, vítima de um cancro no esófago contra o qual lutou durante vários anos.
A academia sueca justificou o Prémio Nobel da Literatura que lhe atribuiu em 2005, afirmando que Pinter "devolveu o teatro aos seus elementos essenciais, um espaço fechado e um diálogo imprevisível, em que as pessoas estão à mercê umas das outras e de falsas desagregações". E no obituário que escreveu ontem no The Guardian, o seu biógrafo Michael Billington, definia "pinteresco" como "uma situação cripticamente misteriosa imbuída de uma ameaça escondida".
A primeira dessas 29 peças, "O Quarto", é de 1957 e foi escrita em quatro dias, numa época em que Pinter era ainda um jovem actor de teatro, sob o nome de David Baron (fez, como actor, mais de 100 papéis). Nascido em 1930, em Hackney, nos subúrbios de Londres, Harold Pinter era filho único de Frances e Jack Pinter, que trabalhava como "alfaiate de senhoras". Os avós eram judeus da Europa de Leste, mas, ao mesmo tempo, existia na família a ideia (nunca confirmada) de que teriam sangue português - o que levou Harold a assinar como Pinta um dos seus primeiros poemas.
A partir do final da década de 50 escreveu uma série de peças que hoje são consideradas algumas das suas obras-primas, entre as quais "Feliz Aniversário" (1957), que na altura foi arrasada pela crítica e que só se manteve em cartaz durante uma semana. A reacção dos críticos não deteve Pinter, que continuou a produzir em grande ritmo: "O Encarregado" (1959), "O Regresso a Casa" (1964), "Há Tanto Tempo" (1970) "Terra de Ninguém" (1974), "Traições" (1978), entre muitas outras.
Insultos a Bush e Blair
O final da década de 70, início da de 80 marcou um período de viragem na vida pessoal de Pinter, com o divórcio da sua primeira mulher, a actriz Vivien Merchant (de quem teve um filho, David, que cortou relações com o pai depois do atribulada separação), e o segundo casamento com a escritora Antonia Fraser, com quem permaneceria até ao final da vida.
Com Antonia, a intervenção política de Pinter aumentou. Não era, contudo, uma faceta nova na sua vida. Logo em 1948 declararase objector de consciência, recusando fazer o serviço militar, e assegurando a sua própria defesa em tribunal (conseguiu pagar apenas uma multa).
Nos últimos anos, nunca se coibiu de manifestar a sua feroz oposição à guerra no Iraque (escreveu o livro de poesia Guerra), e de criticar os líderes mundiais - chamou "idiota iludido" ao antigo primeiroministro britânico Tony Blair, e "assassino em massa" ao Presidente norte-americano George W. Bush. E usou a maior parte do seu discurso do Nobel para criticar a política externa norte-americana.
A internet é hoje em dia o reflexo daquilo que somos para o bem e para o mal. Eu criei este blogue com o objectivo de falar sobre a cultura pop - musica, cinema, livros, fotografia, dança... porque gosto de partilhar a minha paixão, o meu conhecimento a todos. O meu amor pela música é intenso, bem como a minha curiosidade pelo novo. Como não sou um expert em nada, sei um pouco de tudo, e um pouco de nada, o gosto ultrapassa as minhas dificuldades. Todos morremos sem saber para que nascemos.
27/12/2008
HAROLD PINTER
Um dos maiores dramaturgos da sua geração, morreu, aos 78 anos, vítima de um cancro. O dramaturgo britânico que deu origem à palavra "pinteresco" morreu na quarta-feira, véspera de Natal, aos 78 anos, vítima de um cancro no esófago contra o qual lutou durante vários anos.
A academia sueca justificou o Prémio Nobel da Literatura que lhe atribuiu em 2005, afirmando que Pinter "devolveu o teatro aos seus elementos essenciais, um espaço fechado e um diálogo imprevisível, em que as pessoas estão à mercê umas das outras e de falsas desagregações". E no obituário que escreveu ontem no The Guardian, o seu biógrafo Michael Billington, definia "pinteresco" como "uma situação cripticamente misteriosa imbuída de uma ameaça escondida".
A primeira dessas 29 peças, "O Quarto", é de 1957 e foi escrita em quatro dias, numa época em que Pinter era ainda um jovem actor de teatro, sob o nome de David Baron (fez, como actor, mais de 100 papéis). Nascido em 1930, em Hackney, nos subúrbios de Londres, Harold Pinter era filho único de Frances e Jack Pinter, que trabalhava como "alfaiate de senhoras". Os avós eram judeus da Europa de Leste, mas, ao mesmo tempo, existia na família a ideia (nunca confirmada) de que teriam sangue português - o que levou Harold a assinar como Pinta um dos seus primeiros poemas.
A partir do final da década de 50 escreveu uma série de peças que hoje são consideradas algumas das suas obras-primas, entre as quais "Feliz Aniversário" (1957), que na altura foi arrasada pela crítica e que só se manteve em cartaz durante uma semana. A reacção dos críticos não deteve Pinter, que continuou a produzir em grande ritmo: "O Encarregado" (1959), "O Regresso a Casa" (1964), "Há Tanto Tempo" (1970) "Terra de Ninguém" (1974), "Traições" (1978), entre muitas outras.
Insultos a Bush e Blair
O final da década de 70, início da de 80 marcou um período de viragem na vida pessoal de Pinter, com o divórcio da sua primeira mulher, a actriz Vivien Merchant (de quem teve um filho, David, que cortou relações com o pai depois do atribulada separação), e o segundo casamento com a escritora Antonia Fraser, com quem permaneceria até ao final da vida.
Com Antonia, a intervenção política de Pinter aumentou. Não era, contudo, uma faceta nova na sua vida. Logo em 1948 declararase objector de consciência, recusando fazer o serviço militar, e assegurando a sua própria defesa em tribunal (conseguiu pagar apenas uma multa).
Nos últimos anos, nunca se coibiu de manifestar a sua feroz oposição à guerra no Iraque (escreveu o livro de poesia Guerra), e de criticar os líderes mundiais - chamou "idiota iludido" ao antigo primeiroministro britânico Tony Blair, e "assassino em massa" ao Presidente norte-americano George W. Bush. E usou a maior parte do seu discurso do Nobel para criticar a política externa norte-americana.
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