10/01/2009

ALEISTER CROWLEY

Crowley acompanhou a morte do século XIX e viveu no período mais violento do século XX, absorvendo muito desse horror e glamour para construir uma lenda pessoal. Foi um reconhecido alpinista, e liderou as primeiras expedições às montanhas Kangchenjunga, no Nepal, e Chogo Ri (ou K2), nos Himalaias, antes de encarrilar a toda a velocidade no caminho da Magia. Em 1902, depois de visitar o amigo ocultista Allan Bennett em Ceilão, Crowley começou a misturar ritos orientais com o tradicional hermetismo ocidental com o objectivo de criar um novo sistema mágico que fosse ao encontro das suas inclinações bissexuais. Na verdade, unir o sexo à magia não era um conceito inédito, e Crowley deveria conhecer, com toda a certeza, os trabalhos de Paschal Beverly Randolph (que sentia um pavor patológico pela masturbação, prática fundamental na disciplina de Crowley) e de Alice Bunker Stockham (que desenvolveu o método Karezza: doutrina mais cúmplice da profilaxia que da magia, mas que, mesmo assim, advoga a sacralização do orgasmo). Nas sociedades iniciáticas criadas ou lideradas por Crowley, como a Argenteum Astrum (fundada após a sua saída da Hermetic Order of the Golden Dawn) e a Ordo Templi Orientis, o misticismo que serve de cola social aos neófitos encontra-se impregnado de ritos de natureza sexual.
David Soares

Sem comentários:

Enviar um comentário