R.I.P. Harvey Pekar 8, Outubro, 1939 - 12, Julho, 2010
Harvey Peakar, pouco conhecido mas cuja trajectória de vida pode ser vista no filme Anti-Herói Americano - American Splendor, que o autor publicava de forma independente desde 1976. Realizado pelos documentaristas Robert Pulcini e Shari Springer Berman, trata-se de um filme exemplar no cruzamento entre documentário e ficção, com Harvey Pekar a surgir como ele próprio e como personagem, interpretado por Paul Giamatti.
No cinema, só se tornou conhecido em 2003, por via do filme «American Splendor», mas a banda desenhada já o aclamava discretamente há muito tempo: Harvey Pekar, pai da BD autobiográfica, faleceu na sua casa em Cleveland, aos 70 anos.
Para muitos, ele é o pai da banda desenhada de recorte auto-biográfico, o primeiro a praticá-la de forma continuada e consistente para retratar os pequenos nadas do dia a dia, gerando discretamente um movimento que haveria de explodir com mais força a partir do final da década de 80, e que não mais pararia de aumentar.
Norte-americano, irreverente, Harvey Pekar inspirou-se na própria vida - do tempo em que era empregado de um hospital - para criar a sua obra mais famosa. A série cult "American Splendor" resultou da sua amizade com o desenhador Robert Crumb, com quem assinou também "Bob & Hary- Dois Anti-Heróis Americanos".
"American Splendor", ilustrada por Crumb, começou a ser publicada em 1976. Entre esse ano e 2008, foram publicadas 39 edições. Até 1991, a revista foi publicada como edição de autor. Seguiram-se outras edições em parceria com a Tundra, a Dark Horse Comics e a DC Comics, que publicou duas minisséries de "American Splendor" pelo selo Vertigo.
Obras biográficas ou autobiográficas
Um dos últimos trabalhos de Harvey Pekar, "The Beats", conta a vida dos escritores que fizeram parte do movimento beatnik , tais como Allen Ginsberg, Jack Kerouac e William S. Burroughs.
Outro dos seus trabalhos foi "Our Cancer Year", publicado em 1994 pela editora Four Walls Eight Windows. Coescrito por Brabner e ilustrado por Frank Srackm o livro narra o período em que Pekar foi diagnosticado com cancro linfático.
Já "American Splendor: Unsung Hero", de 2003, é a biografia de Robert McNeill, um veterano do Vietname que trabalhou com Pekar no Vetern's Administration Hospital, em Cleveland.
Casou três vezes. O seu terceiro casamento foi descrito em "American Splendor 10", na história "Harvey's Lactes Crapshoot: His Third Marriage to a Sweetie from Delaware and How His Substandard Dishwashing Strains Their Relatioship".
Interessava-se "pela vida quotidiana, pelo humor do inesperado e pela música. Curiosamente, a sua grande paixão não eram os quadradinhos, mas o jazz, tema sobre o qual escrevia, com profundidade, desde a década de 50- coleccionador de jazz, chegando mesmo a fazer crítica musical.O escritor foi encontrado morto esta segunda-feira, pela mulher, na sua casa de Cleveland, Ohio, EUA. Sofria de cancro, mas ainda não foram divulgadas as causas da morte.
Segundo o responsável da polícia local, a razão do óbito ainda não fora definida mas sabia-se que Pekar sofria de cancro na próstata, asma e tensão alta. Aliás, uma das suas obras mais célebres e premiadas, em ruptura com as suas habituais narrativas de poucas páginas, foi precisamente «Our Cancer Year», uma «graphic novel» extensa em que documenta o seu combate com um linfoma.

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