20/01/2010

LHASA DE SELA


Desculpem mais uma vez, esta não, esta não acredito, ainda hoje estive ouvir um CD, de Lhasa, e precisamente neste momento, 2.16, preparava-me para colocar um post sobre o ultimo album da artista.

Que mal fiz eu a Deus, noticias destas sempre me procuram.... então esta musicalmente é para mim, muito é forte..... não pode ser verdade, é mentira....

Era jovem, demasiado jovem.E tão repentinamente surgiu, também assim partiu. A sua voz era belíssima, como a de poucos. Vítima de cancro, Lhasa de Sela deixou-nos no virar para 2010, o mundo da música fica  mais um vazio. Com três discos editados, estabeleceu-se como uma das maiores vozes da música que não cabe em lado nenhum, mas que cabe no mundo todo.

Globalmente aclamada, a singer-songwriter Lhasa de Sela, cresceu como uma semi-nómada viajando num autocarro escolar, fez o seu lar em Montreal, onde viria a morrer, no New Year´s Day, após uma batalha contra o cancro da mama aos 37 anos.

Em Maio passado, dois concertos na Islândia foram as suas últimas subidas ao palco, tendo sido forçada a cancelar outras datas da digressão de apresentação do seu último trabalho discográfico intitulado «Lhasa».

A mexicano-americana ficou conhecida pelas suas letras e canções folclóricas trilingue repletas de fantasia, magia e contos de fadas.

"Velhas histórias, contos de aventura - embora possam ser muito violentos e assustadores - não me traumatizam o caminho de fazer histórias modernas", disse à americana National Public Radio, em 2005, explicando como cresceu com contos de fadas, desenvolvendo um caso de amor ao longo da vida com os seus estilos e imagens.

Lhasa de Sela nasceu em 1972 em Big Indian, New York, numa pequena cidade nas montanhas de Catskill, de uma mãe americana e pai mexicano.

A sua infância foi gasta cruzando os E.U. e México num convertido autocarro escolar. A experiência incutiu na cantora um "wanderlust" que a levou ao redor do globo.

Aos 13, canta clássicos de Billie Holiday e melodias mexicanas em cafés e numa capela em São Francisco, onde desenvolveu a sua bela voz e o estilo de cantar.

Muda-se para Montreal no início de 1990, tocando em bares, durante cerca de cinco anos desenvolve canções para seu álbum de estréia, no idioma espanhol 'La Llorona', composto a meias com o músico Yves Desroisiers.

O êxito de La Llorona foi rápido e surpreendente, tendo em conta que em 1997 o mundo não estava propriamente virado para estas canções acústicas e cantadas em espanhol. Mas além das canções, a própria Lhasa contribuiu para o sucesso do disco: não só era tremendamente bonita como tinha igualmente uma história pessoal incomun, que contribuiu nesses dias pré-YouTube para o mito de "mulher misteriosa" que sempre a seguiu.

"Eu tive que trabalhar duro para ser ouvida", disse, " Naqueles anos eu aprendi como chegar até as pessoas, mesmo para as pessoas que só estavam ali para tomar cerveja e conversar."

Essas aulas acabaram, ganhou aclamação da crítica, em 1998 com o álbum de estreia, ganhou um Juno-Melhor Álbum Mundial daquele ano.

Lhasa de Sela não estava interessada no estrelato, na fama ou no dinheiro. Não que quem aspire a isso seja menos válido. Longe disso! São ambições legítimas. Porém, a Lhasa era diferente. Parecia que cantava apenas por imperativo de consciência, sem grandes preocupações com estratégia de mercado. Daí apenas ter deixado 3 álbuns. Após cada disco e respectiva digressão, Lhasa tinha necessidade de desaparecer por uns tempos para fazer coisas diferentes, por exemplo, a longa temporada que passou em Marselha onde as suas irmãs têm um circo", conta Vasco Sacramento, o agente da cantora.

Dois anos de turnê - incluindo o Festival Lilith Fair - retira-se para França onde se junta ao circo viajando com as irmãs, actuando como músico e ajudando a montar e desmontar o circo.

Vasco Sacramento, produtor musical, convidou então Lhasa para uma digressão em Portugal por alturas do seu segundo disco, The Living Road. A cantora actuou várias vezes em Portugal.

Foi em Marselha, onde mais tarde resolve ficar por um período, que o terreno foi preparado para o segundo álbum, "The Living Road", nomeado recentemente pelo Times de Londrino, como um dos 10 melhores álbuns da década.

Na sua breve carreira, a cantora foi nomeada como Melhor Artista das Américas, correspondente da BBC World Music Awards em 2005, e recebeu uma enorme quantidade de prémios canadianos no Quebec.

Uma artista multilingue que cantou em Inglês, Francês, Espanhol, colaborou com o músico de Montreal, Patrick Watson, a banda indie inglesa, Tindersticks, e o performer francês Arthur H.

O seu último álbum - simplesmente intitulado "Lhasa" foi lançado o ano passado, adiou a sua ultima turnê pela Europa e uma série de shows no verão passado, porque já lutava contra o cancro da mama.

Vendeu mais de um milhão de discos", conta Vasco Sacramento. "Praticamente só com dois registos, dado não ter podido promover convenientemente o último trabalho. Poderia ter vendido muitos mais se esse fosse o seu objectivo, mas, como ela dizia, isso obrigá-la-ia a ser uma “operária da música”. Tenho muita pena que ela não tenha tido tempo de mostrar em palco o seu “Lhasa”, onde ela finalmente cantou exclusivamente em inglês, ou que não tenha podido pôr de pé o seu projecto de recriar os temas de Violeta Parra e de Victor Jara", relata.

Segundo os seus representantes, Lhasa, que só conseguia fazer o que queria, como queria e quando percebia o que verdadeiramente queria, tinha planos de fazer um disco com temas de Violeta Parra e Victor Jara.

A andarilha morreu. O seu site, abre com uma fotografia dela, de costas, o rosto encoberto pelo cabelo a esvoaçar ao vento. Em fundo há uma longa estrada. O salmo dizia: "Não serás como a palha que o vento leva." Lhasa teve a coragem de o ser, e foi maior por isso.

Vasco Sacramento termina dizendo que Lhasa "partiu como sempre viveu. Sem grandes alaridos. Partiu livre. Como sempre viveu". Para que seja possível confirmar a liberdade com que Lhasa levou a sua vida.

"I'm Going In", uma das mais belas canções do último álbum:

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